sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Morangada

Nunca tive jeito para cozinhar. É um facto. Não há volta a dar. Então para sobremesas sou uma desgraça total. Tudo o que é bolos não crescem um milímetro e ficam queimados; os doces ficam ou crus ou enjoativos. Enfim, uma lástima.

Morango

Para aí há uns dois anos houve um doce que me saiu bem. Pronto, agarrei-me a ele com unhas e dentes e foi até hoje. Nos almoços ou jantares de família e amigos todos já sabem o que lhes vai calhar: semi-frio de morangos para toda a gente. É certinho. No dia anterior a qualquer evento social lá vou eu direitinha ao supermercado comprar morangos, natas e leite condensado. Já sei de cor quais são os corredores, as marcas e os preços. Uma canseira.

Mas eis que tudo vai mudar. Vamos ter morangos na nossa horta! Trouxemos morangueiros do quintal do padrinho dele, precisamente cinco exemplares, três recém-nascidos e dois mais cresciditos que até já têm uns moranguitos a espreitar.

Apanhar rebentos de morangueiro Morangueiros para plantar

A plantação correu bem, sem problemas de maior a registar. Os morangueiros vieram cá para casa num garrafão com terra, por isso foi só tirar cada um com alguma terra à volta, abrir os buracos necessários na floreira e plantá-los ajeitando a terra suavemente. No final regámos muito bem e ficámos com um morangal na varanda.

Morangueiros plantados na floreira

O marido lembrou-se que se calhar os morangueiros mais velhinhos vão estranhar a mudança e talvez não se consigam aguentar. Por isso plantou-os pela ordem novo-velho-novo-velho-novo. Assim se os mais velhitos forem à vida os novos ficam logo todos arranjadinhos na floreira. É muito esperto o meu fofuxo.

Está a ficar linda a nossa varanda e eu com a vida mais facilitada no que à doçaria diz respeito. Só é pena é a nossa vaquinha não dar natas nem leite condensado. Aí é que seria uma satisfação, o supra-sumo da felicidade.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Desbaste das culturas

Afinal a ida ao doutor dos sete ofícios não serviu só para ficar a conhecer as bagas de Goji. Andei uns meses a tomar uma data de suplementos vitamínicos naturais. E como moça precavida que sou fui guardando os frasquinhos vazios, não fosse eu precisar deles um dia. Certinho e direitinho.

Rebento de espinafre dentro do frasco Rebento de espinafre

O marido semeou espinafres desenfreadamente com medo que não nascessem e agora temos a floreira a abarrotar com tanto rebento. Por isso, decidimos fazer um desbaste e deixar só cinco eleitos que vão ter espaço e nutrientes para crescerem fortes e saudáveis. Mas como eles nasceram sem rei nem roque temos que pôr ordem nisto. Como casei com o cúmulo do perfeccionismo já sabia que os cinco espinafrezinhos iam ter que ficar em linha recta e com espaçamentos iguais entre eles. Só faltou ensiná-los a fazer continência.

Espinafre antes do desbaste Espinafre depois do desbaste

É aí que entra um dos frascos de vitaminas vazios que guardei. O marido cortou-lhe o fundo e, como a terra estava super fofinha e húmida, conseguiu arrancar um cilindro de terra com o espinafre intacto da floreira e movê-lo para outro ponto da floreira. Lá andou para trás e para a frente, abre buraco, fecha buraco até ficarem perfeitinhos e alinhadinhos.

Como trasladar rebento de espinafre ou de outro tipo qualquer
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A salsa também foi semeada à lá garder mas não foi precisa uma logística tão grande para o desbaste. Bastou ir arrancando uns rebentos aqui e ali. No final deixámos quatro salsitas para contar a história. Ou melhor, daqui a uns tempitos sou eu que lhes conto uma história no prato. Muah-ah-ah.

Salsa antes do desbaste Salsa depois do desbaste

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Bagas de Goji

Sempre ouvi dizer que somos o que comemos. Tive uma fase na minha vida, não há muito tempo, em que andei um bocado obcecada com isso. Não ao ponto de comprar alimentos específicos só para mim nem de controlar num bloquinho o que comia durante o dia, mas tinha cuidado. Cheguei a ter uma consulta com uma espécie de doutor dos sete ofícios, especialista em nutricionismo, osteopatia, iridologia, medicina natural e mais umas quantas coisas. Andei ali um bocado à nora mas ainda tirei alguns conhecimentos proveitosos. De entre eles estão as bagas de Goji. Nunca antes tinha ouvido falar em tal fruto, mas agora parece que é a sensação do momento.


Dizem que a baga de Goji é o fruto mais completo do mundo e que tem antioxidantes em doses industriais. Uma pesquisa rápida pela Wikipédia dá logo uma ideia de quanto este fruto é poderoso. Pelo sim, pelo não, e já que ando a comprar passas disto em caixinhas, porque não semear bagas de Goji na nossa hortinha e comê-las no seu estado natural?

Nesta página explicam tintim por tintim como devemos semear estas bagas especiais. Dizem que devemos deixá-las primeiro a hidratar durante oito horas. Foi o que fizemos, deixámo-las de molho uma noite inteira. A água ficou com um leve tom avermelhado e guardámo-la para regar as sementes. Sempre são mais nutrientes que vão para a terra. Nunca se sabe.


Depois de hidratadas as bagas foi só pegar num dos nossos vasitos ultra chiques e lançá-las à terra. Depois da experiência com a sementeira da salsa semeámos as bagas de Goji mesmo à superfície da terra, porque as sementes dentro delas são mesmo muito pequeninas. Semeámos cinco na esperança de que alguma nos dará uma alegria.


Agora é só regar o vasinho com muito amor e carinho, com doses moderadas de água. Daqui a uns dois anitos talvez prove as primeiras bagas de Goji da nossa horta. A paciência é uma virtude. Só espero é que a caca de cavalo não faça crescer uma árvore tão grande que daqui a uns meses tenhamos que mudar de casa porque já não cabe na varanda.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O miúdo e a vaca

Desde que fomos pais que muita coisa mudou na nossa vida. Há qualquer coisa no nosso cérebro que altera a nossa forma de estar. Passamos a dar valor ao que realmente interessa e a aproveitar todo o tempo de qualidade que conseguimos ter. Tempo esse que parece sempre muito pouco. Tenho a sensação que desde que o miúdo nasceu os dias encolheram. Chego ao final do dia a pensar que não fiz metade daquilo que queria fazer.

Miúdo fascinado com a vaca
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Para ajudar à festa achámos que agora era a altura mais oportuna para construirmos a horta na varanda. É um ver se te avias de coisas e coisinhas para fazer. Mas mesmo assim a sensação é muito boa. De tão boa que é, senti necessidade de vir aqui dar-vos um lamiré de como está o nosso rebento, do quanto já aprendeu e evoluiu em quase seis mesinhos de vida.

O nosso pióninhas ainda não se consegue sentar sem ajuda - está nos treinos, mais uma ou duas semanitas e acho que chega lá – mas já tem dois dentitos e já come sopa e fruta ao almoço. Mas não é comer do género provar uma colherzita, cuspir tudo e ir beber leitinho. Não. O nosso comilão de serviço come na boa uma pratada de sopa e mais uma pêra ou maçã cozida e reduzida a puré. Mesmo assim o pediatra diz que ele podia ter aumentado um bocadinho mais o peso. Por isso o próximo passo será introduzir papa ao lanche.

Acho piada quando levamos o miúdo à varanda. Não liga nenhuma aos espinafres nem à salsa mas a vaquinha é uma perdição. Fica ali sem pestanejar, de mãozita esticada como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo. Estou ansiosa por vê-lo crescer e passar por todas as fases giras e ternurentas da bebezisse. Vai ser giro incluí-lo nas tarefas da horta; ensiná-lo a semear, a plantar, a regar e a colher os vegetais para a sopinha. Isto para que uma horta numa varanda de um apartamento se torne a coisa mais natural do mundo para ele.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O tal toque de glamour

Conversei com o marido acerca do toque de glamour que queria para o fundo dos degraus e chegámos a uma conclusão. O que fica mesmo bem ali é um gavetão no mesmo estilo dos degraus, todo à base de branco. Põe-se uns puxadores todos catitas a fazer pandan com a estrutura e temos glamour aos montes. A base das floreiras fica muito mais bonita e assim conseguimos mais um espaço para arrumações. Só vão caber coisas minúsculas como saquinhos de sementes e uma ou outra ferramenta mas, na nossa situação, qualquer bocadinho para arrumos vale.

 Gavetão instalado no suporte das floreiras

Para construir o gavetão o marido utilizou as tábuas fininhas que não foram aproveitadas das paletes para a construção dos degraus. Cortou, lixou, aparafusou e verificou se ficou tudo direitinho. Desencantou uma folha de platex no monte das cavacas, aplicou-a no fundo e tcharam! Temos gavetão. Na verdade se forem verificar no relato do marido sobre os degraus para suportar as floreiras já lá está o gavetão. Mas eu achei que esta peça mereceria um texto só para ela e que se deveria explicar melhor o que se fez.

Caixa do gavetão sem painel frontalCaixa do gavetão com painel frontal

Como o gavetão fica assente no chão, o maridão ainda lhe aplicou quatro rodinhas. Assim ficou mesmo fofinho e funcional. Podemos deslizá-lo para a frente e para trás, tirar sementes, pôr ferramenta, sem nunca dar cabo dos degraus nem do chão.

Gavetão de madeira com rodasPormenor de uma das rodas do gavetão

No final deu-lhe o mesmo tratamento que aos degraus. Branquinho do bom. Para criar os puxadores o marido utilizou fio de algodão, daquele que serviu para esticar os cortinados. Arranjou maneira de lhes dar uma forma toda bonita com nós de decoração e está feito.

Gavetão de madeira pintado de brancoPormenor do puxador trabalhado com fio de algodão

Muito mais bonito agora, não acham?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Festa de descamisar

A primeira versão da nossa horta está bem porreirinha. Os degraus para suportar as floreiras ficaram tão bem que não consegui ignorar toda a ajuda que o Rezunga nos ofereceu. Desde as paletes ao trabalho, da disponibilidade à paciência - fartou-se de ralhar comigo que eu não percebo nada de "pescar peixe agulha no monte d'areia" - fiquei sem saber como lhe agradecer.

- É pá não sei como é que te vou pagar o trabalho.
- Não sabes?! Olha tenho o milho para apanhar...

Pois então! Não pude ficar indiferente a tal comentário. Senti-me obrigado a retribuir a atenção. Sim porque ajuda não falta, graças a Deus. E de gente mais qualificada e experiente nestas andanças. Depois já faz algum tempo que não tinha a oportunidade de participar na festa de descamisar. Foi bom reviver algumas memórias de miúdo. Ainda por cima esteve presente um carro de bois e tudo. Mas este não é do tio Manel. Ele já está velho para lidar com gado bovino e agora tem uma burra. É mais fácil de lidar e melhor para passear.

Descamisar, apanhar e carregar as espigas de milho
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Chegado o grande dia, levantei-me cedinho e pus-me à estrada. Quando cheguei à lavoura já o sol tinha nascido e o pessoal ia terra a cima. Quando cumprimentei o Rezunga ele passou-me logo um utensílio especial para descamisar o milho. Um ponteiro pequeno de aço afiado numa das pontas. Nada como o apresentado na imagem.

Descarregar e estender as espigas de milho na eira para secarem ao sol

Ora bolas! E eu a pensar que me deixavam brincar na carroça. Não senhor! Uma criança cresce e faz-se um homem é para ajudar a descamisar. Isso e acarretar baldes cheios de espigas de milho para despejar no carro de bois. Só me deixaram empurrar o carro de bois e ajudar a vaca castanha a sair do milheiral carregada até mais não. Coitadinha! Lá foi ela até à eira para descarregar o carro. As espigas foram então estendidas para secarem ao sol.

Carregar palha do milho para sustento da vaca

Trabalho feito, hora da bucha. Ah pois é! Festa que é festa tem que ter comes e bebes. Barriginha cheia e fez-se tempo de apanhar alguma palha de milho para sustento da vaquinha. Mas para outro dia, que a sacana da vaca comeu todas as abóboras-meninas que apanhou dentro do milheiral.

Conjunto de pessoas na lavoura a descamisar o milho Abóbora menina cultivada no meio do milheiral
Comes e bebes Burra à carroça

Os pés de milho estavam baixos e apanhei uma dor de rins a descamisar as espigas. Para além disso o sol queimou-me o cachaço todo. Mas é sempre bom passar momentos destes com a família.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Horta na varanda 1.0

Et voilà! Temos a primeira versão oficial da nossa horta na varanda. Neste momento é composta por três vasos com experiências de cultivo de salsa e uma floreira com espinafres. Isto em termos de culturas. Depois temos os degraus, que numa próxima versão vão suportar três floreiras, e a nossa vaquinha de estimação que vai estar sempre presente nos bons e maus momentos.

Horta na varanda versão 1.0

Claro que isto ainda é só o início. Antevejo variadíssimas versões intermédias até chegarmos à final. Isto em termos de design porque as culturas, se tudo correr como esperamos, vão estar sempre a rodar. Vai ser a loucura! Ou não. É ter esperança.

Escadote pintado de branco

Para que os degraus feitos à base de paletes entrassem no espírito shabby chic o marido pintou-os de branco. Pensámos em usar a técnica do decapê como nas floreiras mas quando colocámos a floreira que já está pronta em cima dos degraus percebemos que está óptimo assim. Mexer mais é estragar. Como está fica mais simples e mais leve.

O próximo passo é dar ali um toquesinho de glamour à parte de baixo dos degraus. Aquele espaço vazio não me está a convencer.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A salsa já nasceu!

Estamos uns agricultores feitos! Depois do percalço que tivemos à uns dias cheguei a pensar que isto estava tudo desgraçado, que não fomos feitos para estas andanças e que a nossa horta estava condenada a nem sequer salsa dar. Mas eis que uma nova lufada de ar fresco nos atingiu. O mundo voltou a sorrir quando dei com esta coisinha fofa na nossa varanda, durante uma visita matinal.

Rebentos de salsa
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Tão fofinhas e tão pequeninas a esticarem-se todas para espreitar o que as espera do lado de fora da terra. Só vos esperam coisas boas, minhas lindas!

Agora é só tratá-las com muito amor e água q.b. Claro está que daqui a uns dias vamos ter que as desbastar que elas são mais que muitas para um vasito tão minorca. Mas elas não precisam de saber disso para já. Por enquanto vamos deixá-las crescer felizes e contentes e prometo que quando tiver que ser não as vamos fazer sofrer muito.

Ponto de situação das restantes culturas

Pé de salsa plantado e já pegadoRebentos de espinafre crescidos

A outra salsa que foi plantada vinda do quintal da mãe está a dar-se bem e já tem um novo rebento. Os espinafres ganharam vida própria, literalmente. Estou com a sensação que, se não me ponho a pau, eles ainda se organizam todos e criam um exército que se vai apoderar da nossa varanda. Mas eu estou de olho neles. Não tarda nada e temos sopinha da boa. Não tarda nada é como quem diz... se calhar ainda temos que esperar um bocadinho.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Olha o arquibanco fresquinho!

Há coisa de duas semanas, estava eu na fase de arquitectura dos vários espaços que quero na varanda, quando percebi que precisamos de uma zona de arrumos para as tralhas todas que uma horta e um jardim implicam. Nessa altura surgiu-me a ideia de usar um arquibanco para ter lugares sentados na varanda e ao mesmo tempo uma forma de arrumar tudo. Deixei este pensamento a marinar mas, agora que temos cá muitas coisinhas boas, como sacos de argila expandida e de cocó de cavalo, acho que estava mais do que na altura de tomar providencias.

Bancada na feira de trabalhos em madeira

Bastou descer a rua e entrar na feira semanal cá da zona que demos logo com isto. Um autêntico buffet para quem procura artigos de madeira trabalhados à mão, uns mais rústicos que outros, mas sempre a trazer-nos memórias de há dez ou vinte anos.

Arquibanco de madeira comprado na feira

Assim que nos aproximámos demos de caras com este menino e foi amor à primeira vista. Tem espaço para tudo, dois lugares sentados e acabamentos que vão ficar a matar na nossa decoração Shabby Chic. Já estou a imaginá-lo todo branquinho... Aiii...

Para não variar, vou deixar a parte menos fofa para o marido. Aquela parte de lixar, pintar e quiçá envernizar esta ternura. Eu vou ficar a contar os dias que faltam para ver todos os utensílios, substratos e outros demais bem arrumadinhos no nosso novo arquibanco.

Tchii, as voltas que a vida dá, agora sou dona de um arquibanco.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Degraus para suportar as floreiras

Viva pessoal! As culturas estão bem encaminhadas, especialmente os espinafres. Todos os dias crescem um bocadinho. A sementeira de salsa é que parece que não correu bem à primeira, mas agora que foi semeada mesmo à superfície da terra as expectativas são altas. Em breve também deve nascer. Entretanto a minha senhora dar-vos-á mais novidades.

Enquanto isso e como não podia ser de outra forma, se estão lembrados, a minha cara metade deixou a meu cargo a construção do escadote que suportará as floreiras. Uma peça de madeira inspirada nos socalcos do Alto Douro Vinhateiro. É pena é que faça mais lembrar aqueles escadotes que as senhoras do centro de dia utilizam para ajudar os velhinhos, cansados de uma vida de trabalho, a subir para a carrinha de apoio. Adiante.

Escadote para suportar as floreiras
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Para construir esta bela peça de mobiliário recorri aos conhecimentos avançados do mestre carpinteiro, o Rezunga. É verdade! Acho que se não fosse ele era gajo para ter isto pronto só lá para o Natal. Enfim, foi só falar-lhe no assunto que ele ficou logo todo entusiasmado com o projecto. Mostrei-lhe alguns rabiscos e trocámos algumas ideias. Falei-lhe que precisava de madeira e ele encaminhou-me para o monte de cavacas que servem de combustível para aquecer a água na bailarina.
- Estás a ver ali aquele monte de paletes? Desmonta-as e depois chama-me que a gente faz isso na serra eléctrica. Até te dizia para fazeres tu, mas ainda cortas algum dedo, por isso é melhor não.

Pronto foi assim que eu desencantei meia dúzia de paletes. Desmontei as que achei necessárias e, como menino bem mandado que sou, chamei o Rezunga para construir a coisa. Eheh.
- Desse monte de tábuas todas só vamos utilizar os barrotes!
- O quê?! Estive eu quase toda a tarde a desmanchar paletes para só utilizarmos três bocados de cada uma?
- Queres fazer o escadote com as tabuinhas? Isso não aguenta com nada, dormente!

Estrutura de suporte dos degraus
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Então o homem ligou a serra e toca a cortar. Só lixei a madeira, orientei as medidas e garanti que a obra batia certo como o projectado. Até deu gosto vê-lo trabalhar. Quase no meio de um monte de cavacas, o Rezunga cortou tudo direitinho e aprumadinho. Pegou em meia dúzia de serra-juntas e juntou o puzzle, colando cada peça cuidadosamente. No final rectificou algumas misérias com uma papa de cola e serradura.

Agora é só alombar com isto para o segundo andar e já temos uma forma de tirar os vasos do chão. Resta só saber se vai ficar chic ou não.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Construção da marquise low cost passo a passo

Como fazer marquise low cost

A construção da nossa marquise low cost deu-nos tanto trabalho, foram tantas as cabeçadas na parede, que achamos que seria um desperdício colocar toda a sabedoria acumulada numa gaveta. Foram quase dois meses a pensar em como queríamos que ficasse, nos materiais que íamos usar e a fazer tudo aos poucos. Nas horas vagas. Confiantes de que íamos conseguir. Todos os dias eram uma aventura e havia sempre um desafio novo por superar. Agora ainda é assim, mas já ao nível das plantações.

Acreditamos que haverá por aí quem esteja também a pensar num projecto como este, seja para uma horta ou qualquer outro fim, e que não queira gastar muito dinheiro nem queira uma coisa muito definitiva.

Por esse motivo, e por sermos muito boas pessoas, criámos um manual para a construção de uma marquise low cost. Se repararem, logo no topo deste blog têm um separador intitulado "Marquise". Nesta nova página encontram os passinhos todos que demos - ou que o marido deu - para criarmos o resguardo que temos hoje na varanda. Foi o marido que o escreveu de alto a baixo e colocou imagens bastante elucidativas. Fez questão de explicar tudo bem explicadinho e eu acho que conseguiu.

Esperamos que possa ser útil para quem se quer iniciar nestas andanças. E atenção que isto é só o início. Em breve vão haver mais novidades. Nos aguardem!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A marota da salsa não quer nascer

Estou muito contente com os espinafres. Estão a portar-se bem os meus meninos. A salsa é que me está a deixar um bocadinho desiludida. Pelo que percebi, por esta altura já se devia ver qualquer coisa verde a sair da terra... e nada. Castanho mais castanho não há.

Salsa por nascer

O que vale é que, como sabíamos que não dávamos uma para a caixa no que diz respeito a hortas e afins, engendrámos um plano B para o caso da sementeira correr mal. Por enquanto, a salsa que trouxe de casa da minha mãe está a aguentar-se. A maioria das folhas que trazia já morreram mas vêem-se umas folhinhas em miniatura no meio da planta. A nossa intuição diz-nos que isto é um bom presságio. Por isso vamos continuar a regá-la com todo o carinho para ver se daqui a um tempito temos aqui um arbusto.

Em relação ao vaso das sementes o marido esteve a remexê-lo e diz que não há vestígios de nada vivo por ali. Ele diz que se calhar tem que semear as sementes de salsa mais perto da superfície do que as de espinafre. Realmente, se formos a comparar, a semente de salsa está para a de espinafre como um grão de arroz está para um tremoço, mais coisa menos coisa. Coitadinhas das sementes de salsa. Como é que uma coisa tão pequenina ia ter força para se desenvolver e atravessar para aí uns dois centímetros de terra?

O marido vai então remexer a terra deste vasito que não deu nada e voltar a semear salsa, mas desta vez só põe um pózito de terra por cima. Não há-de ser por terem a terra a dificultar-lhes o caminho que elas não hão-de nascer.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Os espinafres já nasceram

Deixei o marido a pensar como vai fazer a estrutura para as floreiras a partir de uma palete, ou uma data delas, e fui verificar o estado da nossa horta. Já semeámos espinafres e salsa. Ao quinto dia achei que talvez já se visse uma pontita de verde a espichar da terra.

Espinafre a germinar
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Ia caindo de traseiro! Não só já brotaram da terra como até já têm duas mini folhinhas. Isto parece que cresce como as ervas daninhas. Podem não acreditar mas a imagem da direita só tem um dia a mais que a da esquerda e trata-se do mesmo rebento. Eu também não acreditaria. Tirámos estas fotos em grande plano para ficarem mais artísticas por isso não dá para ver a vastidão da sementeira. Mas isto de um dia para o outro aparecem mais três ou quatro novos rebentos. O homem pôs-se a semear como se não houvesse amanhã, naquela de que as sementes estavam estragadas e só iriam nascer uma ou duas. Enganou-se, só não nasceram três. Por este andar vamos ter que desbastar grande parte dos espinafres para dar oportunidade aos eleitos de se desenvolverem. É a lei da vida...

Espinafre e cogumelos a germinar
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Estas fotos foram tiradas no sexto dia, mas mais encostadas a uma lateral da floreira. Não sei se foi da bosta de cavalo, das condições atmosféricas da varanda ou se foi uma conjugação das duas, mas a verdade é que até cogumelos estamos a conseguir criar. Ainda vou fazer uns cogumelos frescos recheados à conta da nossa horta.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Horta vertical em paletes? Muito visto. Vamos reciclar.

Umas escadarias em madeira parecem-me muito bem. Sempre dentro do estilo que já temos nos vasos, claro. Afinal, uma estrutura para suportar a nossa horta que nos faz lembrar uma paisagem considerada património da humanidade é outro nível. Estou ansiosa para ver como vai ficar. O homem vai já meter mãos à obra.

Agora temos é que puxar pela cabeça para arranjarmos tábuas de madeira que sejam jeitosinhas e maneirinhas mas sem gastar muito que isto de ter uma marquise-horta-jardim low cost tem que ser mesmo low cost, senão nem daqui a vinte anos tenho o investimento pago com o que vou colher de espinafres e salsa (entre muitos outros que aí vêm).

Horta vertical numa palete

Nas pesquisas que fizemos quando pensámos neste projecto da horta na varanda demos com uma solução prática e económica para ter uma grande variedade de hortícolas em pouco espaço. Uma horta vertical numa palete. Isto sinceramente não me inspira muita confiança. Primeiro porque, coitadinhas das culturas, ficam ali meio sufocadas a tentar crescer por onde podem. Depois a rega, para além de não ser nada prática, também não sei se ia resultar muito bem.

Entretanto enveredámos pelo estilo Shabby Chic e aí é que o conceito da palete ficou mesmo de lado. Mas vai daí, agora precisamos de umas tábuas mais ou menos fininhas e do mesmo tamanho... portanto, está decidido. De paletes para hortas verticais já muitos se lembraram. Mas desmanchar uma palete para fazer uma estrutura inspirada em socalcos para suportar floreiras, poucos devem ter pensado nisso. Primeiros!

Utilizar uma palete para fazer uma horta na varanda
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O marido desencantou uma data de paletes, não sei muito bem de onde, e desintegrou-as uma a uma, prego a prego, tábua a tábua. Agora vem a parte mais engraçada. Como raio é que ele vai transformar este monte de tábuas numa estrutura chic, que faça lembrar os socalcos e que suporte três floreiras com alguns 8 quilos cada uma (vazias!)? Acho que temos outro problema...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Planificação da horta

- Chamaste fofinha?
- Chamei! Os vasos não podem ficar assim, perdidos no chão e pronto. Isto não é nada Shabby Chic.
Realmente depois de tanta dedicação a aprimorar os vasos, de transformar o rústico desinteressante numa peça requintada e chamativa, faz todo o sentido organizar a horta de uma forma mais glamorosa. Mas antes disso, deixem-me saborear na varanda um cálice de vinho do Porto enquanto aprecio a obra já feita.

Por falar em vinho do porto... em 2001, o Alto Douro Vinhateiro foi classificado pela UNESCO como património da humanidade, na categoria de paisagem cultural ou qualquer coisa parecida [1]. É como quem diz que esta região do nordeste de Portugal é caracterizada por uma grande tradição cultural, um exemplo de interação humana com o meio ambiente que marcou a paisagem de uma forma única. Um tipo de construção com um valor arquitectónico inestimável, não viável economicamente nos tempos que correm [2], que conta a história de um povo de trabalho.

Sabem a que me refiro? A uma forma tradicional de cultivo, à arte de esculpir as íngremes encostas do Douro com patamares de terra sustentada por muros de pedra, como se de uma escadaria se tratasse, a um produto de séculos de trabalho árduo... aos socalcos. Uma das mais dramáticas e inspiradoras paisagens vínicas do mundo, completamente vulnerável sob esta economia impiedosa, que se não for protegida estará condenada ao desaparecimento.

Socalcos tradicionais
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Pois bem minhas senhoras e meus senhores, em homenagem a este vinho que tanto aprecio e à região onde é cultivado, os 0,75 metros quadrados a que a horta tem direito na nossa varanda serão cultivados em escada. É isso, parece-me bem construir umas escadarias em madeira para suportar a floreira que já temos e as outras duas que teremos muito brevemente.

Uma janela com vista para o douro vinhateiro Vindima
Homem a carregar as uvas às costas num balde grande Barco Rabelo
Margens d'ouro Comboio antigo Douro a cima
Imagens de: traga_mundos, Douro Valley, Universidade do Porto, Croft Port