Como sou uma pessoa super altruísta e para lá de fixe, o post de hoje serve única e exclusivamente para se rirem um bocadinho às minhas custas. Mas vejam lá, não abusem ok?
Na passada quarta-feira o marido festejou mais um aniversário. Estando a coisa negra para prendas ou jantares românticos resolvi ir pelo mais prático e caseirinho: aventurei-me a fazer um bolo de aniversário. Mas não um bolo qualquer. Sendo eu agora uma agricultora de varanda, achei que fazia todo o sentido confeccionar um bolo que englobasse uma qualquer erva aromática. Infelizmente ainda não posso usar nada da nossa horta que está tudo ainda muito pequenino. Para além disso, agora com o Inverno murchou tudo. Não sei se tão cedo aquilo vai arrebitar. Mas esperem lá, ainda não há hortelã às mãos cheias na nossa horta mas há no quintal dos paizinhos! Então, na loucura, avancei com a ideia, pesquisei na Internet e
encontrei uma receita de bolo mármore de menta e chocolate que me pareceu muito boa. O bolo fica todo cor de chocolate e com uma bonita camada verde-hortelã no meio. Ficou parecido, não ficou?
Claro que estas coisas têm sempre mais piada se forem surpresa. Telefonei à minha mãe no domingo de manhã para que quando lá fossemos à noite ela me desse um raminho de hortelã, assim despercebidamente. Embora a hortelã tenha um cheiro super activo, o marido não deu por nada. Quando cheguei a casa escondi a erva no frigorífico, por detrás da caixa da alface, e a dita passou despercebida.
Na quarta-feira ele veio almoçar a casa e assim que saiu pus mãos à obra. As horas passaram a correr. Comecei por reunir os ingredientes todos que precisava e, sob a supervisão do pioninhas, segui a receita direitinho. Coitadinho, deve ter pensado "mas o que raio é que ela se lembrou de inventar desta vez?".
Enquanto juntei os ingredientes da base, a coisa correu bem. As dificuldades vieram depois, quando tive que separar a massa em duas porções: uma maior onde se junta o chocolate derretido e outra menor onde se junta xarope de hortelã. Oi? Xarope de hortelã? Quando li a receita na diagonal vi que levava hortelã e pronto. Resultado: pus-me a inventar. Num tacho juntei água, açúcar e as folhas de hortelã e rezei para que a água ficasse verde. Não ficou.
No entanto, como já tenho a rotina de fazer as sopas para o piqueno todos os dias, peguei na varinha mágica e toca de triturar tudo. O problema é que não triturou. Ficou uma espécie de esparregado com muito mau aspecto. Mas lá que cheirava a hortelã, cheirava. Então, à falta de melhor, virei a nhanha para a porção de massa respectiva e rezei pelo melhor.
Passo seguinte: colocar tudo na forma. Outro problema. A receita não especificava para quantas porções dava a massa e fiquei com um coisito no fundo da taça. Ainda por cima as formas que tenho cá em casa são enormes. Devo tê-las comprado para me encorajar a fazer bolos grandes e fofos, mas já vi que assim não vou lá. A massa não deu sequer para encher metade da forma. Não chegou para fazer as três camadas: chocolate, hortelã e chocolate. Acabou por ficar uma camada e duas meias. Uma salganhada. Mas pronto, pus tudo no forno a 180º, durante 45 minutos, tal como diz na receita, e esperei pelo milagre do aumento exponencial da massa. Ao fim de 20 minutos a casa estava empregnada com cheiro a queimado. A pouca massa de chocolate que consegui pôr por cima ficou um bocadinho mais escura do que devia e o bolo cresceu 0,5 milímetros. Mas com um prato bonito, um raminho de hortelã e o pôr-do-sol ao fundo tudo parece melhor.
Depois disto tudo só fiquei à espera que o marido chegasse a casa e me mandasse pôr o bolo no lixo. Para meu espanto, quando ele chegou, afinal até me gabou o bolo. Comeu duas ou três fatias e perguntou-me:
- Então mas a nossa horta já dá hortelã?
- Não tonto, trouxe de casa da minha mãe.
- Então mas já andas a planear isto desde domingo?
- Domingo?! Desde a semana passada. Tive que procurar uma receita e comprar outros ingredientes para o bolo. É para veres a fofa que sou.
- Bolas. Agora vou ter que fazer qualquer coisa também para o teu aniversário.