Caso ainda não tenham percebido, este ano aconteceu-me a coisa mais maravilhosa e marcante da vida de uma mulher: fui mãe. A gravidez correu muito bem mas andei o tempo todo em pânico a pensar no parto. Frequentei aulas pré-parto e prepararei-me para ser forte como todas as mulheres que já deram à luz. Essas aulas foram mesmo muito boas para mim. Aconselho vivamente. Fiquei a saber muita coisa que não sabia e fui ficando muito mais tranquila à medida que chegava o grande dia. Explicaram-me que devia ficar em casa até que as contracções ocorressem em intervalos de cinco minutos, ou assim que rebentassem as águas. Isso ou até não aguentar de tanta dor.
O dia previsto para o parto chegou e passou. Passou mais uma semana e nada de contracções. Marcaram-me a indução do parto. Com os nervos em franja e as malas mais que feitas, durante essa semana só procurei formas de me entreter no dia da indução, enquanto esperava deitada pelas dores dilacerantes. Carreguei duas horas de música para o MP3 e fui procurar um livro para me cultivar.
Não fazia a menor ideia de que livro comprar, apenas sabia que queria uma coisa alegre, que me puxasse a mente para cima nas alturas em que me fosse abaixo com as contracções. Depois de folhear dois ou três, decidi-me pelo livro As nove divisões da felicidade, de Lucy Danziger e Catherine Birndorf, M.D. O marido só disse que era um livro de auto-ajuda e que me ia deprimir ainda mais, mas arrisquei.
No dia D dei entrada no hospital às 9h, deram-me o medicamento da indução às 11h e comecei a ler. Foi até às 20h. Aí a coisa começou a apertar e não houve livro nem música que me valesse. Consegui ler mais de metade do livro e adorei. As autoras usam a metáfora de uma casa com as suas várias divisões para nos mostrarem como nos deixamos abater por coisinhas insignificantes, e como devemos dar valor e sorrir perante o que temos na nossa vida. Gostei mesmo muito.
No hospital li 168 das 304 páginas que o livro tem. No primeiro mês do rebento li até à página 244. Neste momento, passados sete meses e meio desse dia, vou na página 244. Não li nem mais uma vírgula. Mas foi mesmo por descuido, porque por muito atarefados que os nossos dias sejam temos sempre um tempinho para ir colocando a leitura em dia. Tenho mesmo que acabar de o ler. Pensando melhor, acho que vou voltar a lê-lo do início, só pelo gozo. Decididamente, recomendo.
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