- É pá não sei como é que te vou pagar o trabalho.
- Não sabes?! Olha tenho o milho para apanhar...
Pois então! Não pude ficar indiferente a tal comentário. Senti-me obrigado a retribuir a atenção. Sim porque ajuda não falta, graças a Deus. E de gente mais qualificada e experiente nestas andanças. Depois já faz algum tempo que não tinha a oportunidade de participar na festa de descamisar. Foi bom reviver algumas memórias de miúdo. Ainda por cima esteve presente um carro de bois e tudo. Mas este não é do tio Manel. Ele já está velho para lidar com gado bovino e agora tem uma burra. É mais fácil de lidar e melhor para passear.
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Chegado o grande dia, levantei-me cedinho e pus-me à estrada. Quando cheguei à lavoura já o sol tinha nascido e o pessoal ia terra a cima. Quando cumprimentei o Rezunga ele passou-me logo um utensílio especial para descamisar o milho. Um ponteiro pequeno de aço afiado numa das pontas. Nada como o apresentado na imagem.
Ora bolas! E eu a pensar que me deixavam brincar na carroça. Não senhor! Uma criança cresce e faz-se um homem é para ajudar a descamisar. Isso e acarretar baldes cheios de espigas de milho para despejar no carro de bois. Só me deixaram empurrar o carro de bois e ajudar a vaca castanha a sair do milheiral carregada até mais não. Coitadinha! Lá foi ela até à eira para descarregar o carro. As espigas foram então estendidas para secarem ao sol.
Trabalho feito, hora da bucha. Ah pois é! Festa que é festa tem que ter comes e bebes. Barriginha cheia e fez-se tempo de apanhar alguma palha de milho para sustento da vaquinha. Mas para outro dia, que a sacana da vaca comeu todas as abóboras-meninas que apanhou dentro do milheiral.
Os pés de milho estavam baixos e apanhei uma dor de rins a descamisar as espigas. Para além disso o sol queimou-me o cachaço todo. Mas é sempre bom passar momentos destes com a família.
Grande post. Ainda este fim-de-semana estive numa festa de "descamisada à antiga".
ResponderEliminarQuando era miúdo o meu avô fez muitas descamisadas dessas, mas sem o carro de bois.
Bons velhos tempos... :-)
E mesmo, bons velhos tempos. Há coisas que sabem bem reviver, principalmente a parte do convívio.
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