Nunca tive jeito para cozinhar. É um facto. Não há volta a dar. Então para sobremesas sou uma desgraça total. Tudo o que é bolos não crescem um milímetro e ficam queimados; os doces ficam ou crus ou enjoativos. Enfim, uma lástima.
Para aí há uns dois anos houve um doce que me saiu bem. Pronto, agarrei-me a ele com unhas e dentes e foi até hoje. Nos almoços ou jantares de família e amigos todos já sabem o que lhes vai calhar: semi-frio de morangos para toda a gente. É certinho. No dia anterior a qualquer evento social lá vou eu direitinha ao supermercado comprar morangos, natas e leite condensado. Já sei de cor quais são os corredores, as marcas e os preços. Uma canseira.
Mas eis que tudo vai mudar. Vamos ter morangos na nossa horta! Trouxemos morangueiros do quintal do padrinho dele, precisamente cinco exemplares, três recém-nascidos e dois mais cresciditos que até já têm uns moranguitos a espreitar.
A plantação correu bem, sem problemas de maior a registar. Os morangueiros vieram cá para casa num garrafão com terra, por isso foi só tirar cada um com alguma terra à volta, abrir os buracos necessários na floreira e plantá-los ajeitando a terra suavemente. No final regámos muito bem e ficámos com um morangal na varanda.
O marido lembrou-se que se calhar os morangueiros mais velhinhos vão estranhar a mudança e talvez não se consigam aguentar. Por isso plantou-os pela ordem novo-velho-novo-velho-novo. Assim se os mais velhitos forem à vida os novos ficam logo todos arranjadinhos na floreira. É muito esperto o meu fofuxo.
Está a ficar linda a nossa varanda e eu com a vida mais facilitada no que à doçaria diz respeito. Só é pena é a nossa vaquinha não dar natas nem leite condensado. Aí é que seria uma satisfação, o supra-sumo da felicidade.
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